quarta-feira, 19 de março de 2008

O confronto - capítulo 2

Noite úmida e a sensação de que o tempo é curto. Jack corre pelos becos que levam até o hospital com a pressa de quem precisa livrar um amigo do perigo imediato. E precisa mesmo! A mochila com armas e equipamentos não pesava tanto quanto a preocupação de que os segundos eram preciosos. Andar pelo estágio dois, mesmo estando no planeta terra, era uma experiência que tiraria a concentração de qualquer novato, menos de Jack. Ele sabia que os seres que enxergava durante o percurso até o hospital,nunca seriam vistos à luz do dia por uma pessoa que estivesse vivendo no estágio um. Ou seja a população "viva", não tem idéia do mundo à parte que existe no planeta terra. Um submundo que não é revelado por causa de um ajuste ocular e neural. Um ajuste que os habitantes do estágio dois tinham mas os do estágio um não. Ou seja, eles nos viam, nós não podemos vê-los. O olho humano não está adaptado a ver as formas de energia que se manifestam no estágio dois. Na verdade são seres humanos iguais aos da terra, no entanto não possuem o veículo de locomoção tão comum na vida cotidiana. O corpo concreto.
Faltava apenas mais uma viela para chegar até o estacionamento. Enquanto Jack corria,retirava da mochila o sinalizador neural, afinal,não podia perder tempo, precisava ligar o aparelho e achar o amigo no hospital antes de entrar no lugar.
Vamos lá rapaz....preciso te encontrar, onde você está??? falou Jack em voz alta!
O sinalizador lembra um palmtop, um pequeno computador de mão usado na terra. Ele mostrava com um ponto vermelho a localização do objetivo de resgate de Jack. O sinalizador apontava o quarto andar do prédio exatamente na quinta janela do edifício. Sem perder tempo, Jack ganhava o estacionamento e guardava novamente o sinalizador na mochila.
Ao se deparar diante do grande prédio, não teve dúvidas, retirou uma pequena poção usada por um antigo chamã que em agradecimento por ser salvo por Jack lhe deu de presente. São mais ou menos quinze metros até a janela pensou, não iria precisar de uma dose muito grande, apenas entraria no quarto e desceria pelas escadas, levando o resgatado nos ombros. Jack retirou o facão de caça guardado na bainha que estava nas costas e procurou um lugar para apoiá-lo a fim de deixar a lâmina exposta. Era uma operação arriscada, no entanto a mais rápida e eficiente no momento.
Olhou para os lados e encontrou o lugar certo. Uma das dezenas de árvores que existiam próximas ao estacionamento podiam servir de apoio.
Pediu permissão aos guardiões daquele ser vivo, para utilizar as suas qualidades com o objetivo de ajudá-lo. Após o contato mental com os seres elementais protetores da natureza, um pequeno "ser' esverdeado se apresenta a Jack, faz um gesto de cordialidade e aponta o local onde o facão deve ser apoiado. Jack segue a orientação e encaixa o facão numa pequena fenda da árvore, um encaixe perfeito. Pensa ele.
Firme, ele ficou firme! pensou Jack. Ótimo!
Próxima etapa, Jack tratou de retirar o colete de proteção, a camisa e todos os artefatos que pudessem atrapalhar naquele momento. Respirou fundo e tomou apenas um pequeno gole da poção. Alguns segundos de serenidade se transformam em pesadelo quando as primeiras dores se manifestam. A mutação é rápida, dois grandes calombos, um , em cada omoplata de Jack começam a crescer, formando corcundas enormes em seu corpo, era como se dois seres vivos quisessem sair de dentro dele pelas costas. Sabendo que precisava rasgar a pele o mais rápido possível, se virou em direção ao facão fixado na árvore e direcionou o calombo na ferramenta.
Um urro de dor e um corte quase cirurgicó é feito.
A primeira já foi, falta a segunda, pensou quase sem fôlego.
Outro corte e outro grito. As fendas liberavam uma água parecida com a placenta num primeiro momento, aos poucos dois novos membros em Jack começavam a tomar forma, enquanto ele segurava entre os dentes a alucinante dor daquele momento. Em pouco minutos duas grandes asas estavam abertas, prontas para serem utilizadas. Jack olhou para as próprias mãos procurando algum sinal de tremedeira causada pela dor, percebendo que estava bem, rasgou a camisa em duas fendas a vestiu,colocou a munição ao redor do corpo, alçou o rifle na mão direita e escondeu a mochila entre as árvores. Mirou a altura da janela que precisava alcançar e alçou vôo.

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