quinta-feira, 27 de março de 2008

Filamentos cerebrais

A caravana segue por uma estrada enlamaçada e atravessa um pântano cercado por árvores escuras, que parecem mortas. Os aventureiros olham com medo e curiosidade todos os movimentos ao redor das carroças. Armas em punho e o coração na mão. É necessário ter pulso, para atirar instintivamente. O reflexo é a alça de mira dos valentes integrantes da caravana.


O líquido esverdeado escorre pela goela do bandido. Ele assiste a transformação em frente ao espelho. A cabeça fica maior, os olhos avermelhados, as veias incham, é possível vê-las com facilidade, a saliva aumenta e escorre pelo canto da boca. Sim, ele não era mais um monstro somente pelas atitudes, agora tinha a aparência de um.


O beijo estala, as mãos se espremem nas costas e a contração do ato arranca suspiros!A noite estava quente, com uma brisa leve que abrandava o suor dos dois corpos. Os beijos eram esfomeados, eram doces, por vezes salgados, o sangue se misturava aos beijos, sim o sangue. Afoitos, se beijavam com tanta voracidade que quase arrancavam nacos de carne da boca um do outro. Que noite! Que beijos!
Um, em dois naquela noite, era isso que eram. O sagrado, o lamento, a dor, o desejo, o proibido, o pecado o medo, tudo era mastigado pelos corpos que se engoliam. Não existia o não, somente o todo!

terça-feira, 25 de março de 2008

Um dia de luta

O reino ficaria à mercê dos demônios que avançavam intempestuosamente contra as muralhas o castelo. A discórdia e o medo se espalharam como uma doença contagiosa. Os poucos que restaram estavam extremamente feridos e mal conseguiam ficar em pé! As sangrentas batalhas que se sucederam durante oitenta dias dizimaram um exército de dez mil soldados.

O rei sabia que era o fim. Mas estava sereno, sentado em seu trono, apoiando o queixo na empunhadura de diamante da bela espada monárquica. Sim, ele ainda era o rei e precisa fazer juz a essa honraria. Era um enviado de deus, e ninguém melhor que ele para enfrentar os demônios! Inimigos ferozes, corpulentos e donos de garras afiadas e dentes pontiagudos eram combantentes quase invencíveis. Mas o rei não deveria temer tombar em combate, ao contrário, essa seria o prêmio de uma vida de devoção ao povo que o confiava como o rei. Sim, ele ainda era o rei.

O olhar fixo na entrada da sala real era o guardião do primeiro golpe ! Ao entrarem, ele teria apenas uma atitude, lutar e desferir golpes até que seus músculos suplicassem pela rendição. Mas o rei sabia que não teria rendição, e no fim seria levado pela barca de Caronte. Mas antes muitos cairiam, nem todos os demônio do inferno seriam capazes de derrotar o desejo de defender a sua gente.

Os grunhidos aumentavam a cada passo do inimigo em direção a sala real. O som estridente de centenas de animais se aproximando fazia crescer a adrenalina do rei que estava pronto para o combate. Ele se levanta do trono e empunha a espada.



Venham porcos imundos! venham sentir a lâmina de minha espada!



Alguns segundos de silêncio tomam conta da sala real! O rei é invadindo por um sentimento de alívio, mas era apenas ilusão! Os demônios começam a entrar na sala real e o inferno se faz, frente ao bravo rei. Eram dezenas, centenas,e os golpes eram de uma força descomunal. O rei sentia o corpo todo tremer a cada investida dos inimigos, porém ele era mais rápido, mais treinado, mais técnico e conseguia a cada novo embate, abrir uma clareira de corpos! Os inimigos estavam sendo vencidos, mas a medida que o rei avançava sozinho, mais demônios surgiam a sua frente, mais golpes potentes e mais velocidade nos contragolpes do rei, eram braços cortados, pernas fatiadas, não importava mais, onde o rei acertava a grandiosa espada, o instinto de sobrevivência agora falava mais alto, os gritos de desespero e cansaço de confundiam diante da agonia do inimigo que tombava a frente do rei.

As mãos sangravam por causa dos golpes, o corpo coberto de sangue e suor não aceitava uma trégua, queria lutar até seu coração parar. Eram dois, três ,quatro demônios ao mesmo tempo, sendo que apenas um demônio era suficiente para enfrentar três soldados humanos. O rei lutava pelo seu povo e a alma de todos aqueles que sucumbiram diante dos demônios davam forças para os golpes seguintes. Um dos golpes arranca a cabeça de dois demônios ao mesmo tempo, vacilo suficiente para o general dos demônios desferir um ataque que por pouco não acerta a cabeça do rei. Ao perceber o ataque traiçoeiro o rei empunha o machado que estava preso em suas costas e divide ao meio o comandante daquele exército. Sangue e víceras se espalham pela sala real e o silêncio novamente toma conta do castelo, ao verem o seu comandante esquartejado, os demônios passam a se retirar pouco a pouco do castelo. Era isso, ao derrotar o líder, os outros abandonariam a investida contra o reino. E foi o que aconteceu, eles abandonaram o desejo e dominar o reino. O rei caminhou lentamente para trás, sem desviar o olhar dos poucos inimigos que restavam em pé, e sentou novamente no trono. Extenuado, o rei acomodou o queixo sobre a empunhadura de diamante de sua espada.

segunda-feira, 24 de março de 2008

A pré-história do Manual do Guerreiro

O Manual do Guerreiro está cumprindo a sua missão de servir e orientar os nobres colegas que utilizam essas lições. Em virtude dessa necessidade, está em produção a continuidade do Manual.
A sequência das lições estarão alicerçadas em verdades experimentais. Os nossos estudos antropológicos e antropofágicos sobre a raça humana estão intimamente ligados ao sucesso ou declínio da sociedade contemporânea.

A próxima dissertação será sobre o "Homem Canalha" da espécie Neandertal Galinhaçus Canalhus Antropofágico.
Vamos a um breve resumo sobre tal espécie:

Uma robusta subspécie de Homo sapiens assumiu como grupo dominante na Europa, na África Setentrional e no Sudoeste Asiático e relatos mais recentes garantem que ele se espalhou nas Américas, menos em Estados como Califórnia, pertencente atualmente aos Estados Unidos ou cidades brasileiras como Pelotas no Rio Grande do Sul e Campinas no interior de São Paulo .

Falemos então do grupo dominante, isso significa que existia a necessidade de poder entre os seres inseridos na realidade a ser descrita. Arriscamos a dizer que nos dias de hoje, o controle remoto em casa retrata a simbologia desse poder (pode ser uma situação hipotética,pois não existia o controle remoto na época, mas com certeza existiam outros sígnos de domínio territorial)

Outra certeza é que o passado nos remonta um presente de clarezas. A maior delas é que o acasalamento poligâmico, ainda é uma questão de sobrevivência social e por que não dizer política, vide o Governador Nova York Eliot Spitzer.
Bem..voltemos ao homem de Neandertal.
Como se conhece essa subespécie, é mais alto do que outras espécies (chega a cerca de 1,72 metro) o que seria hoje um médio devorador, mas não menos sagaz que os maiores. E agora vem a grande informação que será um divisor de águas no relacionamento humano e que desmente qualquer opinião feminina. "Tem cérebro grande" isso mesmo, somos originários de homens de cérebro grande! E esse cérebro, vem acompanhado de uma mandíbula poderosa utilizada para fins prazerosos, rosto projetado e barbas. Resumindo, cara de macho! sem frescuras ou feições desenhadas ou delicadas.
Nesse caso, mudamos, nos aperfeiçoamos, mas continuamos machos. Isso segundo a ciência também deriva da região em que vive esse espécime! Claro isso é preponderante! Já que nos lugares de climas mais quentes do Sudoeste Asiático, ele é menos corpulento. Ao contrário da espécie encontrada no Sul do Brasil pertencente a categoria Machus Estremus!

Outra constatação de pesquisadores:
Os hábitos do homem de Neandertal são poucos conhecidos! Um terrível engano! Conforme as constatações de nossos estudiosos que ajudaram a constituir o Manual do Guerreiro é sabido com extrema certeza os hábitos do homem de Neandertal e homem da espécie Galinhaçus Canalhus, acompanhe as semelhanças. O certo é que o homem de Neandertal se deslocava em grupos, como forma de proteção contra ataques de feras! Novamente uma tática usada atualmente pela espécie aperfeiçoada do homem de Neandertal da espécie Galinhaçus Canalhus. Explicando melhor, quanto mais mulheres ao redor, maior a curiosidade de outras fêmeas, sendo essa uma atitude instintiva das mulheres, os melhores procriadores ficam com as melhores fêmeas do grupo, então essa semelhança ainda continua. E as feras, seriam todas as espécies femininas que ficam contrariadas com a decisão de poligamia.
Por isso é preciso entender que o homem de neandertal ainda prevalece na essência masculina! Também é coerente afirmar que a necessidade de uma experimentação maior de fêmeas,está diretamente ligada a continuidade da espécie humana. Significa que o Neandertal Galinhaçus Canalhus ajuda na preservação da sociedade. Mas é claro que podem vir represálias diante de informações científicas e irrefutáveis, do tipo, são primitivos mesmo, atrasados, animais! Mas é necessário lembrar que o instinto de caça ainda é apreciado por várias espécies femininas. Vamos as armas utilizadas:


Gentilezas - necessário

Bom humor - importante

Presença de espírito- vital, inclusive em momentos de flagras!

Bom aspecto visual- fundamental

Cheiro - quesito importante

Boa pegada! significa que a espécie que sabe aproveitar o melhor momento para aproximação oral!


Essas são apenas algumas das armas que passaremos em nossa próxima explanação sobre a espécie. Por enquanto lembremos que a espécie precisa ser preservada em virtude da demanda de fêmeas e coexistentes no planeta!

quarta-feira, 19 de março de 2008

O confronto - capítulo 2

Noite úmida e a sensação de que o tempo é curto. Jack corre pelos becos que levam até o hospital com a pressa de quem precisa livrar um amigo do perigo imediato. E precisa mesmo! A mochila com armas e equipamentos não pesava tanto quanto a preocupação de que os segundos eram preciosos. Andar pelo estágio dois, mesmo estando no planeta terra, era uma experiência que tiraria a concentração de qualquer novato, menos de Jack. Ele sabia que os seres que enxergava durante o percurso até o hospital,nunca seriam vistos à luz do dia por uma pessoa que estivesse vivendo no estágio um. Ou seja a população "viva", não tem idéia do mundo à parte que existe no planeta terra. Um submundo que não é revelado por causa de um ajuste ocular e neural. Um ajuste que os habitantes do estágio dois tinham mas os do estágio um não. Ou seja, eles nos viam, nós não podemos vê-los. O olho humano não está adaptado a ver as formas de energia que se manifestam no estágio dois. Na verdade são seres humanos iguais aos da terra, no entanto não possuem o veículo de locomoção tão comum na vida cotidiana. O corpo concreto.
Faltava apenas mais uma viela para chegar até o estacionamento. Enquanto Jack corria,retirava da mochila o sinalizador neural, afinal,não podia perder tempo, precisava ligar o aparelho e achar o amigo no hospital antes de entrar no lugar.
Vamos lá rapaz....preciso te encontrar, onde você está??? falou Jack em voz alta!
O sinalizador lembra um palmtop, um pequeno computador de mão usado na terra. Ele mostrava com um ponto vermelho a localização do objetivo de resgate de Jack. O sinalizador apontava o quarto andar do prédio exatamente na quinta janela do edifício. Sem perder tempo, Jack ganhava o estacionamento e guardava novamente o sinalizador na mochila.
Ao se deparar diante do grande prédio, não teve dúvidas, retirou uma pequena poção usada por um antigo chamã que em agradecimento por ser salvo por Jack lhe deu de presente. São mais ou menos quinze metros até a janela pensou, não iria precisar de uma dose muito grande, apenas entraria no quarto e desceria pelas escadas, levando o resgatado nos ombros. Jack retirou o facão de caça guardado na bainha que estava nas costas e procurou um lugar para apoiá-lo a fim de deixar a lâmina exposta. Era uma operação arriscada, no entanto a mais rápida e eficiente no momento.
Olhou para os lados e encontrou o lugar certo. Uma das dezenas de árvores que existiam próximas ao estacionamento podiam servir de apoio.
Pediu permissão aos guardiões daquele ser vivo, para utilizar as suas qualidades com o objetivo de ajudá-lo. Após o contato mental com os seres elementais protetores da natureza, um pequeno "ser' esverdeado se apresenta a Jack, faz um gesto de cordialidade e aponta o local onde o facão deve ser apoiado. Jack segue a orientação e encaixa o facão numa pequena fenda da árvore, um encaixe perfeito. Pensa ele.
Firme, ele ficou firme! pensou Jack. Ótimo!
Próxima etapa, Jack tratou de retirar o colete de proteção, a camisa e todos os artefatos que pudessem atrapalhar naquele momento. Respirou fundo e tomou apenas um pequeno gole da poção. Alguns segundos de serenidade se transformam em pesadelo quando as primeiras dores se manifestam. A mutação é rápida, dois grandes calombos, um , em cada omoplata de Jack começam a crescer, formando corcundas enormes em seu corpo, era como se dois seres vivos quisessem sair de dentro dele pelas costas. Sabendo que precisava rasgar a pele o mais rápido possível, se virou em direção ao facão fixado na árvore e direcionou o calombo na ferramenta.
Um urro de dor e um corte quase cirurgicó é feito.
A primeira já foi, falta a segunda, pensou quase sem fôlego.
Outro corte e outro grito. As fendas liberavam uma água parecida com a placenta num primeiro momento, aos poucos dois novos membros em Jack começavam a tomar forma, enquanto ele segurava entre os dentes a alucinante dor daquele momento. Em pouco minutos duas grandes asas estavam abertas, prontas para serem utilizadas. Jack olhou para as próprias mãos procurando algum sinal de tremedeira causada pela dor, percebendo que estava bem, rasgou a camisa em duas fendas a vestiu,colocou a munição ao redor do corpo, alçou o rifle na mão direita e escondeu a mochila entre as árvores. Mirou a altura da janela que precisava alcançar e alçou vôo.

sexta-feira, 14 de março de 2008

A batalha - capítulo 1

o céu era nublado, as mãos suavam, mas Jack não entendia como poderia ter aquele tipo de reação humana, já que não viva mais como um. A arma pesava além do normal e apesar da experiência de milhares de micro-eras na dimensão dois, aquele momento era especial. Os "Controladores Mentais'' estava se aproximando, eram grandes, ferozes e estavam fortemente armados. Um exército de criaturas quase indestrutíveis.

O batalhão que acompanhava Jack era valente,mas sem condições de fazer frente aquele embate. A derrota era uma eminência que Jack tentava expulsar do pensamento. O região de Avajés era estratégica, um lugar com esparsas montanhas, uma areia fina que parecia ser viva e entrava nas roupas e armas dos combatentes. A escolha daquele terreno era proposital, Avajés era cercada por grandes desfiladeiros que serviriam como ponto de fuga para uma retirada em nome da sobrevivência.

Jack podia ouvir os tanques chegando e o rosnado dos "Tutácos'', mistura de animais conhecidos na terra, como o rinoceronte e o pré-histórico mastodonte que foram reformulados genéticamente pelos Controladores Mentais. Eram armas de guerra, com couraças resistentes e uma vitalidade em campo de batalha incrível. Sabendo disso, Jack conferiu pela quarta vez a munição que carregava e aproveitou para revisar as cargas da arma, um grande rifle de explosão sônica, capaz perfurar centenas de blindagens de extrema resistência, algo dez mil vezes mais resistênte que o aço. Mas qualquer comparação seria uma leviandade, afinal a dimensão dois, era regida por ordenação mental e tudo que existia era criado graças a junção de moléculas e não pela construção ou montagem de materias feitos a partir delas. Era como se o universo pudesse entregar pequenas quantidades de argila e os habitantes dele, só precisariam dominar a técnica de criar os objetos desejados com ela. E Jack sabia fazer isso como ninguém.

Tutácos!!!!!! gritou o jovem tenente Emanuel, avisando aos outros, que o momento do embate estava próximo. Jack engatilhou mais uma vez o rifle e ajustou as duas miras, a visual, captada pela córnea e a energética que revelava as energias vitais emanadas pelo inimigo. Para sua sorte ou azar a primeira manada de Tutácos vinha em sua direção e ele esperava o momento certo de atirar. Instantes que pareciam eternos e clamavam pela grande pergunta, como isso tudo começou?

A revelação

Ian, tentava lutar contra a certeza que paira no coração de todo o humano. A de que um dia, aquela existência chegaria ao fim. Mesmo sendo jovem, trinta e três anos, o câncer havia se tornado uma metástase e o corpo convalecia com a doença. E nem todos os dons de cura que demonstrava possuir desde criança, serviriam para salvar a própria vida. Ironias do destino, provocadas por caminhos não compreensíveis num primeiro momento, mas que seriam lógicas durante o entendimento final.
As dores dos tubos que o ajudavam a respirar tornavam a angústia ainda maior. Mesmo sob coma induzido, Ian estava sensorialmente ligado a tudo que acontecia naquele quarto de hospital. Os olhos fechados eram apenas uma barreira corporal mas não extra-física!Afinal, ele conseguia enxergar tudo o que ocorria ao seu redor. Era capaz de ouvir até mesmo o que os funcionários no balcão de reposição de remédios no hospital falavam. Também podia ouvir a respiração deles, ou os passos apressados entre uma emergência e outra. No entanto percebeu a diferença num jeito específico de caminhar.
Alguém seguia a passos lentos e calmos. Ian sentia aumentar uma energia estranha, incômoda, conflituosa que invadia todo o segundo andar do hospital. A presença da estranha visita se tornava mais forte a cada centímetro que avançava. Ian sentia a presença do perigo a sua porta, não sabia porque estava sentindo esse desconforto, esse aviso interno, mas não podia fazer nada, estava refém de um corpo imóvel, inerte, quase sem vida. O desepero aumentava por que ele estava vivo! sim, estava muito vivo, podia perceber tudo no quarto, e quem sabe até sair dali,movimentar as pernas os braços, reagiar, gritar, lutar,qualquer coisa.
Desesperado,Ian começou a imaginar o seu corpo saindo da cama, as pernas se movimentando, os braços sentindo a pulsação tomando conta novamente de todos os nervos, as mãos se contraindo!
Pensou em erguer o pescoço e para sua surpresa e se viu inclinado, orgulhoso com a façanha conquistada, continou o mesmo esforço e conseguiu novamente. Estava agora, finalmente sentado na cama. Faltava ficar em pé, só precisavam de mais um movimento, refletia. Ian mentalizou a cena, estava caminhando até a porta e sairia dali para a liberdade de um mundo diferente. Ao abrir os olhos estava quase em frente a saída do quarto, sem qualquer esforço físico. Mas não teve tempo de fazer um movimento para longe dali, o visitante inoportuno estava do outro lado da parede.

A maçaneta da porta se moveu e Ian sentiu um longo arrepeio passear por aquele corpo tão diferente,tão sutil. O visitante inesperado, entrou no quarto escuro e da mesma forma que ian não necessitava de maiores esforço para se descolar, apenas deslizava pelo chão! Se aproximou rapidamente do corpo inerte de Ian e retirou uma grande seringa escondida no casaco preto. O rosto estava enconberto por uma máscara negra, assim como a cabeça que se esncodia dentro de um grande capuz.
A criatura observou atentamente, todos os móveis do quarto, uma pequena cadeira, a cama, a TV no alto as máquinas de respiração artificial, o soro. Segurou o soro com uma das mãos para injetar uma substância de cor esverdeada, forçou a agulha no invólucro de plástico e iniciou o plano de despejar aquele veneno nas veias do pobre rapaz. Ian camuflado pela escuridão e atrás da porta, testemunhava tudo horroziado. Enquanto injetava a criatura passava uma das mãos alguns centímetros acima do corpo inerte, e quando chegou perto do coração, ele parou o movimento, retirou a seringa do soro e como se procurasse algo, passou a olhar nervosamente para todos os lados do quarto. O visitante não satisfeito, aproximou o nariz na fronte do corpo de Ian e o cheirou, e percebeu desta vez com certeza de que algo não estava correto, ele se virou a fim de procurar o verdadeiro Ian.

O anúncio

O anúncio oficial, era esperado com ansiedade por todos. Não é à toa que uma multidão de trabalhadores estava lá. Desde os pequenos até os mais graúdos na hierarquia, todos estavam lá! Muitos eram disciplinados e chegaram no horário marcado.Outros se apressavam para conseguir um lugar em frente do palco. Os olhares eram de curiosidade, de atenção, de aflição! Um certeza porém, imperava no lugar, haveria uma mudança na direção do grupo e isso representaria o futuro de milhares de colaboradores.
Os minutos se passavam e a impaciência começava a ser um incômodo. Pensamentos flutuavam pelas cabeças dos participantes. O que seria daquela organização a partir de agora?alguém deixaria as atividades?ou melhor, alguém seria convidado a deixar as atividades? como seria o tratamento entre colegas e chefes dali pra frente? mais justo? mais equilibrado? A carga horária de trabalho iria aumentar?Não poderia, pensavam, afinal, alguns já faziam mais de doze, quinze horas por dia. Como poderia ficar pior? E as regalias da chefia?E aqueles pratos suculentos, variados, trazidos de diversos lugares continuariam fazendo parte da luxuosidade dos grandões?
Pequenos grupos murmuravam entre a multidão, o som já ecoava pelo salão principal.
Foi então que um pedido agudo e estridente de silêncio foi ordenado por um dos membros da direção. Um silêncio sepulcral invadiu o salão, o líder se dirigiu com um ar sereno até o grande palco no centro. Então ele olhou profundamente nos olhos de muitos que estavam na sua frente, sabia que a informação que daria, teria um impacto profundo na vida de seus companheiros. Eis que a verdade foi revelada, daquele dia em diante, o formigueiro nunca mais foi o mesmo.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Liberdade

Palavras tortas numa manhã cinzenta, foi assim que ele disse adeus ao velho mundo erguido com paredes de algodão. Tudo ao seu redor era inconsistente, sem sabor ou graça. Tinha emprego, mulheres e algumas regalias! Mas isso não era suficiente, era aterrador saber que o dia seria igual ao anterior.
O café da manhã, as conversas com os vizinhos o trabalho, a rotina, a noite conflitante e muitas vezes incoerente. Mas aquele dia era especial, ele sabia que nada seria como antes, vendeu o carro, os móveis, as roupas do seu armário, ficou apenas com as do corpo. Estava aflito com a nova vida que havia escolhido mas sabia que seria livre. Estaria longe de rótulos sociais do tipo, você conquistou isso ou aquilo! Os amigos não o veriam mais com a expectativa de saber o quanto ele venceu, na verdade não o veriam mais. Sim aquele era um dia especial, importante, talvez até divino!
Ele fechou a porta do apartamento alugado, jogou a chave fora, deixou um bilhete de adeus ao proprietário e deixou tudo para trás. Levou nos bolsos o dinheiro que restou com a venda dos únicos bens que restaram, entrou na clínica, deu um abraço no médico e agradeceu a santificada lobotomia.

Mais uma batalha

Aquele olhar era único, espremido, focado, atento. A batalha estava por vir e não bastava erguer o corpo, estufar o peito e desejar a luta. Não, isso não era suficiente, precisava encarar a verdade daquele confronto! Tinha a necessidade de ver o muro através dele e encontrar as armas certas para o inevitável. Não foi fácil entender que essa tarefa não permitia abandonos. Por isso, era importante esticar os músculos, enrijecer o pescoço e deixar os sentidos em estado de alerta. As mãos formigavam os braços eram fortes e a mente dizia que ele estava quase pronto. A língua lutava entre os dentes numa aflição quase incontrolável. Mas era fundamental naquele momento abrandar os nervos. Mostrando controle de corpo e mente, ele se levantou da cama, e foi trabalhar.

terça-feira, 4 de março de 2008

Pensar num ponto positivo

O sentimento de perigo, lembra um farol vermelho que teima em não acender! A gente sabe que ele vai acender, mas demora! Pensar no caos parece um jeito pessimista de enxergar a vida. No entanto, dizem os mais sábios:"o sonho só termina quando a realidade chega e estraga o próximo plano"
Talvez os novos "gurus" do poder da atração, digam, não pense nisso, pense somente na quantidade de cheques que você vai receber em casa, seja feliz, esteja sempre bem! Uau!! que vontade de chorar de emoção que dá!
No entanto, esquecemos da natureza humana, afinal somos psicologicamente inconstantes, por vezes irracionais e conseguimos pelo menos em algum momento da vida ou em vários momentos,ter pensamentos maus! conseguimos poluir, invejar,sentir cíumes e outras tantas barbaridades. Simplesmente por que somos caóticos. O desequilíbrio emocional ronda a todos, fica à espreita de qualquer maquiagem de serenidade,catando filamentos de desesperança como um gari num lixão. É isso! os sentimentos negativos ficam acumulados em nosso lixão interno, e poucas vezes conseguimos alguém que nos ajude a limpá-lo.
Então quando vieres me falar do poder da atração me diga, quantas vezes os novos gurus tiverem oscilação de sentimentos durante o dia???Não vale os adeptos de antidepressivos. Quantas vezes no trânsito, não esbravejaram diante da realidade da vida???Quantas vezes não desejaram amaldiçoar o garçom mau educado?? Quantas vezes não invejaram o outro?? A formação de uma sociedade de necessidades não é desmantelada com pensamentos empíricos. Ela precisa ser reformada a partir do desenvolvimento de um pensamento altruísta. E como isso não existe, o resto é sessão da tarde.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Manual do Guerreiro

Bigode tomava a centésima lata de cerveja, quando decidiu revelar a essência masculina: "Somos feitos de verdades transparentes", todos na mesa do churrasco, ficaram perplexos, tamanha a genialidade escarrada por ele. Escarrada por que bigode tinha problemas até para digitar a senha do caixa eletrônico. Sim bigode não era um homem inteligente, muito pelo contrário, tinha problemas até para lidar com palavras-cruzadas. Ele era um homem ignorante, ele mesmo dizia, sou INHORANTE. Mas não, não aquele dia, naquele momento ele estava brilhante! Eis que um dos amigos teve a coragem de pedir explicações sobre o conteúdo de tal frase. Bigode não se fazendo de rogado, levantou do banco de madeira, foi até o pequeno quadro negro usado para marcar todos os encontros do grupo de amigos (os Pussy Hunters) e começou a psicografar o
Manual do Guerreiro:

Verdade transparente
Somos feitos de pequenas encenações e grandes espetáculos quando desejamos uma mulher!
Verdade etílica
Mulheres e bebida servem para divertimento, prazer,encantamento, mas quando acaba o entusiasmo vem a dor de cabeça
Verdade absoluta
Toda mulher, tem,teve, ou vai ter alguém que a coma. Seja essa pessoa!
Verdade e variáveis
Duas mulheres na cama é festa! Duas mulheres na paixão é aventura, duas mulheres no amor, dá merda!
Verdade na caçada
Nunca tenha receio de abordar e iniciar um conversa com uma mulher! Não importa o lugar, casamento, padaria, velório, festa em boate, bar, banheiro público ou rua. Dar certo depende da quantidade que você a faz rir.
Verdade na caçada 2
Seja sempre desprentensioso, nunca mostre o que realmente quer! Apenas ataque quando ela abrir a guarda!
Verdade financeira
Tenha um mapa dos lugares mais baratos e mais caros da cidade em que mora, incluindo motéis, restaurantes, hotéis e qualquer lugar que você um dia tenha que ir. Restaurantes caros, mulheres caras, restaurantes ruins... bom, esqueçam.
Verdade de encontros
Não poupe no primeiro encontro, melhor restaurante, melhor bebida ou comida. Mas poupe muito no segundo encontro e procure não gastar no terceiro e sempre pense no "quarto".
Verdade no sexo
Necessidade básica no primeiro encontro. Se valer a pena espere até o segundo encontro. Se não acontecer, desista! Nesse momento já é tarde por que ela se envolveu e vai voltar! Se não voltar, você fez mau feito!Se rolar na primeira saída e valer a pena,volte no dia seguinte e não tenha pudor de levar flores. Mas não compre as mais caras.... essas podem significar mais dor de cabeça lá na frente. Ou seja, acostumou mal uma vez, vai ser assim em todos os encontros.
Verdade do macho - a mais polêmica
Sabe o dia do churrasco ou do futebol com a galera? Só um motivo pode ser capaz de dar o bolo na turma. Mulher! Entre um jogo de futebol e um corpinho na cama? Pense bem ao responder isso.
Verdade do caçador
Um dia você pode ser caçado!

Ao terminar de escrever, bigode começou a cambalear e desmaiou ao lado das caixas de cerveja! Todos ficaram apavorados! Primeiro, por que acharam que ele quebraria todas as garrafas de cerveja e segundo por que ficaram preocupados com o genial amigo. Bigode foi pego pelos braços, inconsciente, e colocado com todo o cuidado pelos amigos num sofá. Todos estavam emocionados com o Manual do Guerreiro. Alguns escondiam as lágrimas, diante de tais palavras, outros batiam palmas. Bigode mal sabia o quanto aquela revelação mudaria sua vida. Depois daquele dia ele decidiu, nunca teria filhos!