quinta-feira, 27 de março de 2008

Filamentos cerebrais

A caravana segue por uma estrada enlamaçada e atravessa um pântano cercado por árvores escuras, que parecem mortas. Os aventureiros olham com medo e curiosidade todos os movimentos ao redor das carroças. Armas em punho e o coração na mão. É necessário ter pulso, para atirar instintivamente. O reflexo é a alça de mira dos valentes integrantes da caravana.


O líquido esverdeado escorre pela goela do bandido. Ele assiste a transformação em frente ao espelho. A cabeça fica maior, os olhos avermelhados, as veias incham, é possível vê-las com facilidade, a saliva aumenta e escorre pelo canto da boca. Sim, ele não era mais um monstro somente pelas atitudes, agora tinha a aparência de um.


O beijo estala, as mãos se espremem nas costas e a contração do ato arranca suspiros!A noite estava quente, com uma brisa leve que abrandava o suor dos dois corpos. Os beijos eram esfomeados, eram doces, por vezes salgados, o sangue se misturava aos beijos, sim o sangue. Afoitos, se beijavam com tanta voracidade que quase arrancavam nacos de carne da boca um do outro. Que noite! Que beijos!
Um, em dois naquela noite, era isso que eram. O sagrado, o lamento, a dor, o desejo, o proibido, o pecado o medo, tudo era mastigado pelos corpos que se engoliam. Não existia o não, somente o todo!

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