sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A verdade do coração


Os santos que escorregam pelos dedos, são almas líquidas que tentam impor um jeito casto de tratar as coisas do coração.

Mas as veste humildes que dançam pelo chão, punindo as mãos puras, com o tempo se tornam pétrias.
Assim é o lamento dos corpos que se culpam e se alimentam do prazer incauto.
Sim, almas que se banham na cascata do adeus.
Podem até ficar distantes, mas nunca se separam, estão sempre à espreita das regras do mundo, não importa qual mundo seja esse.
É que dois sorrisos que se gostam, iluminam as bocas que não conheceram os beijos.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Te espero

Aperta o botão que desliga o mundo e corre para minha cama.
No caminho, usa minha boca, e enxerga tudo cabeça pra baixo.
Faz piruetas em dois corpos, e cava um lugar no meu peito.
Rasga lençól, e joga a razão prá fora do quarto.
Atesta a loucura vivendo de carinho e prazer.
Tem nada de errado, teu olhar safado e o meu de solidão.

refrão
Beija beija sem parar e esquece tudo
O amor só vale a pena se a coração fica bobo.
um tolo que acredita na paixão.

Não importa para onde vai depois
Te quero ontem, para hoje, beijar o lábio de amanhã
Não importa a sombra entre nós
É certo mandar pra longe, tudo o que é errado

refrão
Beija beija sem parar e esquece tudo
O amor só vale a pena se a coração fica bobo.
um tolo que acredita na paixão.

Deixa o teu cheiro no meu travesseiro
Sou herdeiro de uma maldição
Vivendo por ti sendo sempre o segundo
Mas fica essa noite, fica.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Olhe bem e diga o que vê...

Três lados, uma sala e a visão clara no meio da testa.
O candelabro está invertido, e as sombras se dissolvem a cada passo.
As cores da parede mudam , conforme a luz que desaparece.
Os olhos em desespero ou curiosidade se apresentam.
As sala está cheia, mas estou só.
Minha carne arrepia, meu coração sente saudades.
Estou em casa, mas na região errada.
E eles sabem disso, e aproveitam para atacar.
Mas não causam ferimentos em meu corpo, não conseguem.
Trocam de armas e mostram as lágrimas de amigos.
Estão congeladas, mas possuem dor.
Correntes descem do teto, e palavras de ódio são proferidas.
Todos gritam, bravejam, cortam a pele com as unhas.
Meus olhos ficam cerrados, o silêncio impera.
A luz volta a sala.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

E um cálice cheio

O cálice cheio, as mãos acariciam o cristal e a saliva grossa ordena mais um gole.
As mãos estão na mesa. O gosto adstringente do tannat causa arrepios.
O corpo esquenta, tudo está perfeito. Quer dizer, nem tudo.
Faltava ao menos uma segunda sombra por perto.
As mãos amolecem e se acomodam entre as pernas.
Iniciam um passeio pelo corpo, deslizam, a língua acaricia os lábios, o tannat desaparece no sabor final.
Os olhos estão serrados, e o mundo vira canção marginal de um louco qualquer...
O prazer... é o prazer agora que importa!
O gosto, sim, o gosto precisa existir... a respiração pesada, a mão pesada.
O proibido abre as portas da cabeça careta. Hora de brincar neném.
Os botões da camisa? onde estão? e importa?
O tapete se aproxima, o teto fica maior, tudo fica mais apressado, quente, úmido. E o teto? derrete no momento do urro.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A certeza está aí

Sim, fulguroso purgatório mental que sublima a liberdade e tira o cheiro do perfeito, dê o direito de abolir almas congeladas.
Monte bonecos de plástico, donos de gestos carinhosos, que são vendidos nos mercados da ilusão.
Mas não deixa as mãos livres, encontre algemas, sentencie punições.
Não importa quais sejam, serão menos espinhosas do que um olhar iludido em frente ao espelho.
Eu confio na língua do universo que atordoa o escárneo dos fracos maquiados em quilos de poder.

Não perca a chance

Olhe para dentro da caverna que foi escavada em seu estômago.
As larvas, dançam embaladas por um soneto de uma velha gorda.
Ela é o equilíbrio do belo mundo que você desenhou em calçadas de vidro.
E por dentro, pedras de goma sufocam o seu solo.
Seus demônios entoam canções libertadoras, e a garganta solta o grito.
O céu se abre e o mundo se desmancha em gotas de vinagre entre os dedos.
Isso aconteceu realmente... afinal, é só olhar para dentro da caverna
que foi escavada em seu estômago.

Nunca esqueça...

Lágrimas de veneno descem dos olhos que não perdoam.
Vulcões se abrem na cabeça dos mentirosos anões de circo.
E a diversão continua na boca dos leões de cimento.
Mas se deixe morder e ria dos anões.
E acredite, as lágrimas só existem por que possuem um antídoto.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Não pense, olhe e grite!

O olho de vidro enxerga a semente de aço que prolifera mentiras imortais.
Sim,sim, o homem é nobre, pobre é o ornitorrinco, dono de nome estúpido.
Ao menos ele não consome sonhos, em copos alheios.
Mas vamos cantar ajoelhados, em lápides de heróis de cera.
Eles existem, dentro de garrafas compridas.
No entanto, não sejamos tão inocentes,deixemos a maledicência à aqueles que combatem os altruístas. São donos de línguas fétidas e enormes, e a cada lambida, deixam ovas cobertas de ilusão.
Sim, existem mais mentiras imortais.
Os deuses que o digam, eles são transformistas bêbados que trabalham em cortiços elegantes.
Visite-os durante o dia, encontrarão anáguas coloridas com desenhos de flores mortas embaixo das camas.
É lá que eles escondem o prazer. Ou o homem acreditou que achou que tudo era verdade?

É assim e pronto

Língua poliglota que lambe a nuca do universo, fala o idioma das estrelas e me arranja um lugar nesta constelação. Quero olhar lá de cima, o ronrosnar de feras ignóbeis e interessantes. Meu escarro vai cair como um meteorito de grandes verdades. Vai abrir crateras de revelações entre os sérios habitantes deste mundo de formigas.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Não me pergunte outra vez

Os Cílios que afugentam o olhar sincero escondem a intenção.
São cataventos de pétalas, a brisa está lá, mas o aroma é dissimulado.
As rosas estão ao longo do caminho que leva à mente teimosamente adormecida.
A estrada tem pedras macias, onde os pés escolhem qual a direção a seguir.
São anjos em peles de homens que guardam a língua do alto.
É dela que vem as regras que comandam nossos ossos.
Mas os cílios, esse continuam ali, abanando os sonhos...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Oráculo nosso

O gosto na língua, pede outro beijo
Os olhos, tentam enconder a mensagem que vem da boca
Aceitei teus desejos, mesmo que não fizesse parte deles
Só para descobrir, onde me encaixo nos teus segredos
Fiz da minha alma, estátua de pedra
Me olhe, me tenha, me guarde
Prenda meus sonhos em teus dedos
Um marionete no teu futuro
Uma sombra no teu presente
Um pedido de carinho no teu passado
Um ornamento para o teu ego

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Ao orgulho

Corpo desnudo exposto. O tronco ganha tatuagem com os dentes da verdade. A brincadeira acabou e os alicates foram recolhidos. A tortura abria sorrisos em rostos desesperados. Os olhos entreabertos, sorriam maliciosamente, a saliva criava correntes naquela boca qualquer. Os documentos estavam expostos e as justificativas também. Anacronismo de um dia de arranhões numa mesa repleta de ilações. O réu manteve a coluna ereta, se disse inocente, mesmo diante das provas, sim, se disse inocente. E a tortura? o condenou? que nada, todos gostam de ver sorrisos.