sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Olhos de vidros rachados

Nariz de palhaço, língua de serpente e está feito o casal-drama! Ele, inocente não enxerga as palavras molhadas em sua frente, é seco sem malícia, pobre palhaço! Ela brinca com os corpos dos outros, lambendo ralas ilusões. Mas está vazia por dentro e barrou a entrada de um futuro com vida. A sua espécie terminava por ali, e sabia que logo contaria os ponteiros do relógio de olhos fechados, a mente contaria os segundos da finitude. Seria a benção tão esperada.
Não muito longe dali, alguém dançava em cinzas de bonecas suicidas! A desilusão de mãos dadas com a desesperança executava passos grotescos, como se conseguisse sorrir com o pés. Sorria das lágrimas que inundavam a calçada mal iluminada. Distantes, mas não menos observadores, coiotes rangiam os dentes na certeza de que algum resto estaria servido para o jantar. Restos de alegrias falsas, restos de mentiras que surtiram o efeito no propósito esperado, restos de universos que cabiam numa janela de botão.

Um comentário:

Unknown disse...

o sentomento eh algo indiscritivel, mas vc consegue passa-lo !